domingo, 31 de janeiro de 2010

Sherlock reciclado


Se até agora você não viu Sherlock Holmes por medo do que poderiam ter feito com seu herói literário favorito, tome coragem e assista.

Ao ver o trailer, o primeiro pensamento que vem a cabeça dos fãs é "meu Deus, o que fizeram com o Sherlock?". Mas não há motivos para preocupação. Guy Ritchie fez uma "reciclagem" do nosso amado detetive para o público de 2009, sem acabar com estilo do original.

O filme diverte como um misto de aventura e suspense, mais tem um significado muito maior para quem leu os livros ou no mínimo conhece a história de Holmes e seus personagens.

Todos os atores caíram como uma luva em seus respectivos personagens. Robert Downey Jr. traz a elegância, a genialidade e o charme dos livros. Jude Law afirma novamente ser muito mais que um simples rostinho bonito . Rachel McAdams arrasa como Irene Adler, mostrando que definitivamente os tempos de vilã do colégio( sem desmerecer sua brilhante atuação em Meninas Malvadas) ficaram para trás. Eddie Marsan ficou fantástico como Inspetor Lestrade.

A reconstrução da Londres da época e perfeita, com direito aos momentos da construção da London Tower Bridge. O clima do filme te leva para dentro da história.

Na trilha sonora, o destaque vai para a "The Rocky Road to Dublin", de The Dubliners, o tipo de canção que você ouviria num pub britânico, cercado por homens suspeitos,marinheiros briguentos e contadores de estórias.

Então, o que você está esperando? Se ainda não viu, vá assistir o filme na primeira oportunidade que tiver!!! Você não vai se arrepender.

E aos fãs , repito: Não se preocupem. Nenhum detalhe, nenhuma explicação, nenhum personagem foi esquecido. E quando eu digo nenhum persongem, é nenhum mesmo.




Humanizando a Dor


"Por que o Carol age desse jeito?"
"Ele só está com medo."

É mas ou menos essa a fala (minha memória não é muito boa) que resume ONDE VIVEM OS MONTROS( Where The Wild Things Are, no original).
Medo. Medo do desconhecido, medo da mágoa, da solidão,medo do abandono, medo do sofrimento. Por mais que tentemos fugir, acabamos sempre nos machucando. Aprendemos a consertar ossos quebrados, mas não as feridas de nossos corações. Ainda temos muita dificuldade em lidar com a dor emocional. E é sobre isso que o filme fala. Como Spike Jonze conseguiu captar tudo isso de forma leve e dinâmica, sem macular o espírito do livro? Talvez só o próprio Jonze conseguia responder.
O filme conta a história de Max, um menino solitário que, após uma briga com sua família, foge para uma ilha habitada por criaturas selvagens. Lá, torna-se rei destas.
Apesar da leveza, em alguns momentos chegamos a nos sentir sufocados pelos sentimentos dos personagens, seja porque já passamos pelo mesmo que eles ou não.
O próprio Max e seus amigos monstros são apenas um espelho do desejo humano da invencibilidade. Todos queremos ser capazes de suportar as dores físicas, mas principalmente as emocionais. Acreditamos ingenuiamente que seremos fortes o bastante para manter longe a tristeza, mas sempre esquecemos que ela faz parte de nosso aprendizado e que um dia ou outro, não conseguiremos evitá-la. É essa a mensagem do filme. Não importa o quão diferentes ou selvagens sejamos por fora, sempre estaremos sujeitos a tristeza, a mágoa ou a solidão. Tudo isso faz parte de nós.
A beleza do filme está na capacidade de passar essa "moral" sem deixar lado a leveza e a inocência da infância, algo que pode ser onservado principalmente em sua trilha sonora.
Um filme com esse não pode receber uma nota, mas se fosse necesário dá-la, seria 10 ou algo muito próximo a isso.
É o tipo de filme que encanta, mas ao mesmo tempo abre todas as feridas mais antigas. E incrivelmente, consegue cicatrizá-las.