segunda-feira, 29 de março de 2010

Scorcese noir


A primeira cena de Ilha do Medo (Shutter Island, no original) que traz a sensação desesperadora de isolamento é quando observamos o detetive Teddy Daniels ( Leonardo DiCaprio) e seu parceiro Chuck Aule (Mark Ruffalo), no carro em direção ao prédio do Shutter Island Ashecliffe Hospital. Nessa tomada, feita de cima, percebemos que tipo de filme vamos assistir.
Este é primeiro filme do gênero feito pelo diretor Martin Scorcese. Entre suas inspirações, estão os clássicos noir da década de 50 e o (mais do que) clássico, O Iluminado de Stanley Kubrick, o que pode ser observado claramente em certas cenas. O roteiro é baseado no livro Paciente 67, de Denjis Lehane, que já flertou com cinema ao ter seu livro Mystic River adaptado para as telas como Sobre Meninos e Lobos.
A história é simples:passada em 1954, Daniels e Aule vão até Ashecliffe para descobrir o paradeiro de uma dos pacientes/prisioneiros do local. Mas as peças não se encaixam. A fugitiva, Rachel Solando (Emily Mortiner), sumiu descalça de seu quarto, que estava trancado. Teddy não quer abandonar o caso, mas a aparição de sua mulher, morta num incêndio, alerta-o todo o tempo para que vá embora da ilha. A medida que ele mergulha mais e mais nesse mistério, a realidade vai se mostrando ser bem diferente do que parecia.
DiCaprio atua magnificamente como um detetive tentando fugir de seus demônios. Ruffalo, mesmo com uma aparição mais discreta, também está ótimo. Mas o grande destaque do filme decididamente é Ben Kingsley como o médico Jonh Crawley, representando um lado da psicologia que começa a enxergar os doentes mentais com olhos mais humanos( apesar de ainda utilizar métodos primitivos).
O filme todo segue em uma palheta de tons acinzentados, frios e duros e recheado com cenas impactantes( algumas até indigestas para estômagos mais delicados). É impressionante ver como a medicina evoluiu na área do tratamento de distúrbios mentais.
Scorcese fez um filme duro, seco, um pouco perturbador mas brilhante. Há quem acredite que este pode ser um indicado ao próximo Oscar. Dá de dez a zero em qualquer alienígena azul com cara de gato.


domingo, 21 de março de 2010

Um Olhar Sobre A Vida


Peter Jackson conseguiu outra vez. O homem que deu vida nos cinemas ao universo de J. R. R. Tolkien novamente mostra seu talento num filme um tanto incomum. Um Olhar do Paraíso( The Lovely Bones, no original) conta a história de Susie Salmon, uma menina de 14 anos que é assassinada e estuprada por seu vizinho. Enquanto espera em um lugar entre o Céu e o Inferno, ela vela por sua família, ao mesmo tempo que nutre um sentimento de vingança por seu assassino.
Com um roteiro bem amarrado e um elenco com atores talentosos, esse não é um filme de se passar despercebido. O principal motivo se chama Stanley Tucci. É estranho ver um ator que atuou em filmes como O Diabo Veste Prada e Julie&Julia consiga representar o papel de vilão. Mas ele consegue. Não há nada de assustador em sua aparência. Nenhuma cicatriz, nada. A única coisa que o torna monstruoso é sua atuação, igualmente monstruosa. Não foi a toa que concorreu a um Oscar.
Além dele, os outros destaques são Susan Sarandon(como a avó da protagonista), responsável pelo humor do filme, e a própria Susie, Saoirse Ronan, que já tinha impressionado o mundo todo como a irmãzinha precoce de Keira Knightley em Desejo e Reparação. Mas mesmo os outros atores chamam atenção. Não existem um ator em Um Olhar...que não represente bem. Todos demonstram, de formas diferentes, o vazio que sentem . Seja a mãe( Rachel Weizs), que mantém o quarto da filha trancado após a tragédia, ou o pai(Mark Wahlberg) e a irmã (Rose McIver) que ainda tem esperanças de achar o culpado, sua avó que tenta manter unida uma família quase em frangalhos.
Outro grande detalhe do filme é sua fotografia. As cenas do "paraíso" de Susie parecem ter saído dos quadros de Salvador Dalí.
Concluindo o que já disse: assistam o filme. Ao contrário do que se foi falado, Um Olhar do Paraíso não é apenas mais um filme sobre morte. É um filme sobre vida.

segunda-feira, 8 de março de 2010


Olá caros leitores!!!( Isso é, se houver realmente alguém aí..)
Hoje é o dia mundial das mulheres e nós recebemos um grande presente: Kathryn Bigelow ganhou o Oscar de melhor diretor(a). Pela primeira vez na história da premiação, uma melhor recebeu ganhou esse prêmio. Pode parecer pouco, mas é realmente uma grande conquista para todas nós cinéfilas, aspirantes a cineastas e/ou cineastas profissionais. Parabéns Kathryn!! E esperamos que ela seja a primeira de uma lista de futuras diretoras a receberem a estatueta dourada.